O Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social, que conta com a participação da comissão episcopal para o serviço da caridade, justiça e paz da CNBB, está dando os primeiros passos com vistas à formação de uma ‘Frente por uma Nova Política Energética’. Esta frente é formada por uma rede de entidades que enfrentam questões ligadas à produção e uso de energia. Iniciativas como a “Xingu Vivo para Sempre”, a “Madeira Vivo” e a “Tapajós Vivo para Sempre” colocam em questão a construção de grandes hidrelétricas nos rios da Amazônia.
As entidades que formam a rede e participam da frente questionam a manutenção e aumento da produção de energia nuclear, hoje propalada pelos defensores como energia limpa, barata e segura, mas que, comprovadamente – haja vista os desastres acontecidos em outros países –, representam grave ameaça à vida dos seres humanos. Na pauta está também o combate ao crescimento das usinas térmicas, que geram energia com a queima de fontes fósseis, como o carvão, o petróleo e o gás. Tais usinas emitem crescente quantidade de gases de efeito estufa na atmosfera.
A contribuição do fórum de mudanças climáticas e da frente por uma nova política energética se dá na medida em que aponta, defende e luta por fontes alternativas, menos poluentes, como a energia solar e a eólica (produzida pelos ventos). E, desejando incidir mais eficazmente sobre a política energética atualmente adotada e sobre seus responsáveis, assume duas prioridades em 2014.
A primeira é a de promover, nos dias 7 a 10 de agosto, um fórum social temático intitulado Energia para que, para quem e como? A segunda é implementar uma campanha de mobilização social em favor de mudanças na política energética, propondo que sejam assumidas como fontes prioritárias de energia o sol e o vento, e que sua produção seja descentralizada, nos telhados das casas, igrejas e em espaços comunitários, contando com a participação das famílias e comunidades envolvidas.
A defesa dos direitos sociais dos pobres e do direito ambiental do planeta Terra requer novas, criativas e mais ousadas soluções, hauridas da própria natureza, como o uso da energia que o sol emite e os ventos distribuem generosa e gratuitamente todos os dias sobre o planeta. São decisões e escolhas políticas importantes, que implicam em não prosseguir desenfreadamente com a construção das monumentais obras que afetam a vida de povos e o equilíbrio climático, aumentando o aquecimento global da Terra, causador das mudanças climáticas.
O Fórum, a Frente e as Pastorais Sociais apostam na educação popular como valioso instrumento para levar informações, fomentar consciência crítica e incentivar práticas de cidadania, na linha dos ensinamentos da doutrina social da Igreja, evidenciados nas orientações do Papa Francisco e da CNBB.
Os festejos pascais celebram, cada ano, a vitória de Cristo Ressuscitado, luz verdadeira, mais intensa que a do sol, capaz de apontar novos caminhos para novos tempos. E que esta luz divina aponte para a valorização das fontes naturais de energia, em favor da vida do ser humano e da criação, a mãe Terra, casa comum de todos os filhos e filhas de Deus.
Feliz Páscoa, na alegria do Evangelho!
Dom Pedro Luiz Stringhini, Bispo de Mogi das Cruzes (SP)