No mês de maio tivemos em nossas foranias o Conselho Forâneo de Pastoral sobre a vocação e missão dos leigos na Igreja e na sociedade. O grande relevo que o documento 105 da CNBB dá à vocação laical – relevo, não novidade – é o leigo como sujeito eclesial. A tradicional regra gramatical nos ensina que sujeito é aquele que pratica a ação. A vocação laical não é passividade, mas atuação concreta e própria na obra da evangelização. Esta é a missão da Igreja. Leigos e leigas, ministros ordenados, consagrados e consagradas, todos somos sujeitos eclesiais que, dentro do nosso âmbito vocacional, somos chamados atuar concretamente na obra da evangelização, com a autonomia – não independência arbitrária – que se manifesta numa verdadeira espiritualidade de comunhão e participação.
O que o bispo de Guarulhos, pastor da diocese, sucessor dos apóstolos, que deve ser garante da presença da Igreja nesta porção do Povo de Deus, espera do Ano do Laicato em Guarulhos?
- Que a vocação laical em nossa diocese se torne mais concreta na ação evangelizadora da sociedade. É peculiar à vocação laical a sua índole secular. De modo particular, é no mundo que os leigos devem vivenciar a ação transformadora do evangelho. A presença da identidade cristã católica precisa incrementar a sua presença profética e evangelizadora em tantos âmbitos da nossa sociedade e nos modernos areópagos. (cf. Doc 105 CNBB 241-273.) Esperamos que a formação do Conselho de Leigos da nossa diocese seja um legado do Ano Laicato. Conselho que seja expressão de comunhão e participação na missão da Igreja.
- Os leigos e leigas de nossa diocese precisam renovar a consciência que, como sujeitos eclesiais, necessitam ( ou melhor a missão da Igreja necessita) participar ativamente nos vários âmbitos da comunhão eclesial. (cf. Doc 105 CNBB 136-160)
- Tanto para a ação transformadora no âmbito eclesial, como no mundo é necessário formar-se. Precisamos caminhar na diocese para um aprimoramento na formação do laicato. Não podemos simplesmente ser uma “Igreja em saída”. Temos que sair com uma identidade, estar presente no mundo com o odor de Cristo.
- É fundamental a Iniciação à vida cristã. Não se trata somente da necessidade de receber os Sacramentos da Iniciação Cristã, sem os quais ninguém pode ser Igreja. Trata-se de uma iniciação que nos faça sentir a pertença a Cristo e a Igreja, de modo inseparável. Esta iniciação não se faz através de cursos e cursinhos. Ela se realiza com o caminhar na fé em uma comunidade concreta, onde todo cristão é alimentado com a força da Palavra e a graça dos Sacramentos. (cf CNBB Doc 105, 104-107 e o Doc 107)
- Temos, sim, que incrementar a formação do laicato na formação catequética, teológica pastoral, na Doutrina Social da Igreja e tantos outros campos que auxiliem na atuação na ação transformadora da sociedade. Para tanto é preciso a disponibilidade dos leigos e leigas para participarem daquilo que a diocese e as paróquias já oferecem e podem ainda oferecer.
Enfim, para todos nós, leigos e leigas, consagrados e ministros ordenados, sermos sal e luz é preciso doação e entrega na fé. Sal e luz realizam sua missão consumindo-se. Tudo isso é mistério de amor que nos vem da doação e entrega por excelência realizadas por Jesus Cristo, na Cruz gloriosa , que deve ser para nós a árvore e a fonte da salvação.
Por Edmilson Amador Caetano, O.Cist., Bispo Diocesano de Guarulhos e vice-presidente do Regional Sul 1 da CNBB


