Nos dias 19 e 20 de outubro, o Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), transmitiu pelo seu canal no Youtube momento formativo sobre a Campanha da Fraternidade – CF 2022, com o tema: “Fraternidade e Educação” e o lema “Fala com sabedoria, ensina com amor”, (Pr 31,26).
Além de apresentar os objetivos gerais e específicos, o primeiro dia da apresentação voltada para agentes de todas as dioceses do Estado de São Paulo fixou-se na escuta, na análise conjuntural deste momento que vive o país, com a assessoria de Eduardo Brasileiro, da Articulação Brasileira da Economia de Francisco e Clara e do Pacto Educativo Global; e de Jardel Lopes, da Pastoral Operária e da Articulação da 6ª Semana Social Brasileira (SSB).
Eduardo ressaltou inicialmente o centro do texto-base, que busca por meio da realidade da educação interpelar e exigir uma profunda conversão de todos. Realçando a vivência de um “ecohumanismo”, de uma educação integral como parte de um “processo civilizatório”, realçando três bases e desafios para essa discussão em 2022: ecologia, economia e ecumenismo. “É um convite a vivenciar, a experienciar”, destacou, lembrando os três movimentos do educador, realçados pelo Papa Francisco recentemente: “O primeiro movimento é de aproximação, de cultura do encontro, de ver a comunidade e seus desafios; o segundo movimento é discernir coletivamente, observar como parte de uma comunidade, fazer um processo de escuta; o terceiro movimento é construir um projeto de enfrentamento às estruturas de morte que estão postas. É um convite de coragem.”
Na sequência, Jardel frisou que “é preciso pensar a educação de uma maneira sociotransformadora, ajudando os ouvintes a pensarem a educação integral de uma forma efetiva, trazendo a Palavra de Deus para a prática”. Nesse ponto, dentro do mutirão proposto na 6ª SSB, é preciso pensar em um “projeto por Terra, Teto e Trabalho (os 3 ‘Ts’ do Papa Francisco), é preciso lutar para transformar a comunidade”. Tudo isso, dentro da construção educativa. Ambos frisaram ainda, mais uma vez, dentro do Pacto Global proposto pelo pontífice, a necessidade de experienciar o ditado africano que diz que, “para educar uma criança, é preciso toda uma aldeia”.
No segundo dia, recepcionados pelo Padre Antônio Carlos Frizzo, coordenador da Campanha da Fraternidade no Sul 1, e por Antonio Evangelista, secretário-executivo da CF, os elementos do discernir e do agir no texto-base de 2022 foram trabalhados pelo Padre Patriky Samuel Batista, secretário executivo de Campanhas da CNBB Nacional. Partindo da visão global de educação, solicitada desde o início pelos bispos brasileiros, ele realçou a preocupação de ir além de uma visão educacional puramente técnica: “É preciso pensar a educação enquanto processos vivenciais, existenciais.”
Na sequência, o coordenador nacional apresentou os quatro passos da caminhada proposta para a Igreja em 2022, sobretudo no tempo quaresmal, partindo da Palavra de Jesus: “quem não tiver pecado atire a primeira pedra” (Jo 8, 1-11). Do abandonar “as pedras” para se focar no outro, avançando por uma segunda estação, com a indagação: “O que a pandemia da covid-19 revela de nossa cultura no que diz respeito à educação?”. E indagou sobre a vivência do luto neste momento de atual tribulação. Dessa forma, padre Patriky frisou que: “em um terceiro momento é possível encontrar Jesus Mestre e Educador que nos levará, no passo final, a pensar o Brasil e iniciar processos, inspirados em projetos de vida como os apresentados no Pacto Educativo Global”.
Como desafio, Padre Patriky se voltou à figura dos educadores em geral, que “precisam ser cuidados” (em meio a falta de valorização e de condições diversas) e pediu que estes não percam a capacidade de serem “sempre aprendizes”. “Educar é um ato de amor e de esperança no ser humano.” E com uma roda de conversa final, foram fechados os debates preparatórios. No encerramento, Padre Patriky partilhou que o Conselho Permanente da CNBB planeja lançar, no contexto da Campanha da Fraternidade 2022, uma carta aos educadores. “Para que seja uma palavra amiga, de conforto, que chegue ao coração de cada educador, nos confirmando nesse caminho de uma educação integral.”
Com a CF de 2022, será a terceira vez que a Igreja no Brasil convida a todos os fiéis a refletir sobre o tema da educação. Em 1982, trabalhou-se educação e libertação e como gesto concreto nasceu a Pastoral da Educação. Já em 1998, no caminho do jubileu, o centro foi a educação a serviço da vida e da esperança. Agora, em 2022, propõe-se uma “verdadeira mudança de mentalidade, reorientação da vida, revisão das atitudes e busca de um caminho que promova o desenvolvimento pessoal integral, a formação para a vida fraterna e a cidadania”, como expresso no texto-base. O documento convida a todos a ver a realidade da educação em diversos âmbitos, iluminá-la com a Palavra de Deus, encontrando e redescobrindo meios eficazes que favoreçam processos mais adequados e criativos afim de que ninguém seja excluído de um caminho educativo integral que humanize, promova a vida e estabeleça relações de proximidade, justiça e paz.
Se você perdeu o Encontro não se preocupe. O vídeo está disponível na integra em nosso Youtube.
Colaboração: Equipe da Campanha da Fraternidade
