Compartilhar no facebook
Compartilhar no twitter
Compartilhar no whatsapp

Padre Lucio André Pereira, 46, natural de Pariquera-Açu (SP), do clero da Diocese de Registro, será enviado para uma experiência missionária de três anos na Diocese de São Gabriel da Cachoeira, na Amazônia, mantida pelo Projeto de colaboração missionária entre os Regionais Sul I (Estado de São Paulo) e Norte I (Estados de Amazonas e Roraima), da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O envio aconteceu no dia último 31 de janeiro de 2021, na Catedral São Francisco Xavier, em Registro (SP), e viajará no dia 24 deste mês.
Confira entrevista concedida à assessoria de Imprensa do Regional Sul 1 da CNBB.
Caro Padre Lúcio, o senhor pode nos contar um pouco da sua experiência sacerdotal?
Claro. Com prazer! Fui ordenado padre no Santuário Basílica do Senhor Bom Jesus, Matriz Paroquial de Nossa Senha das Neves, na cidade de Iguape, no dia 14 de maio de 2005. No dia 22 de maio, tomei posse como pároco da Paróquia de Sant’Ana, na cidade de Pedro de Toledo-SP, onde fiquei até o final de janeiro de 2012. Em fevereiro de 2012, tomei posse como pároco da Catedral Paróquia São Francisco Xavier, na cidade de Registro, sede da Diocese, onde fiquei até 19 de janeiro de 2014. Depois fui ajudar em Eldorado, Santuário Paróquia Nossa Senhora da Guia, e ali fiquei até janeiro de 2017. No ano de 2017, fiquei sem atividade pastoral, em Paróquia, mas tinha um compromisso diário com as gravações das mensagens para o rádio que abrange toda Região do Vale do Ribeira, auxiliava um padre ou outro nas celebrações das missas e nas visitas às pessoas. Também foi o ano que minha mãe começou a hemodiálise e eu a acompanhava em todas a sessões no início (e até momentos nas proximidades do embarque para São Gabriel ele a acompanhará). Esse fato me ajudou a ter um constante contato com o Hospital Regional de Pariquera-Açu. Foi um ano muito produtivo no exercício do meu ministério, pena que passou rápido (risos). Em 2018 fui nomeado vigário na Paróquia de São João Batista, na cidade de Cananéia, onde fiquei até o final do ano. Em janeiro de 2019, iniciei as atividades pastorais na paroquia Nossa Senhora do Rocio em Iguape onde permaneci até dezembro de 2020.
Passados 15 anos de sua ordenação sacerdotal, quais as razões o levaram a desejar uma missão na Amazônia?
O desejo missionário sempre esteve presente em mim. Nos primeiros passos de minha caminhada de fé estiveram presentes os padres missionários do Verbo Divino, que trabalham até hoje no Santuário do Senhor Bom Jesus. No tempo da Filosofia, em Sorocaba, fiz experiência pastoral numa Paróquia em que o Padre era diocesano, mas com espírito e atitude totalmente missionária, Padre Benedito de Jesus Halter, o qual Inclusive esteve na Prelazia de Borba, com Dom Zenildo Luiz Pereira da Silva CSsR. No tempo da Teologia a experiência pastoral foi na Diocese de Santos, Paróquia Nossa Senhora das Graças, na cidade de Praia Grande, com um padre diocesano, que inicialmente veio como missionário da Índia para servir no Brasil, o Padre Thomaz.  Por fim, antes da ordenação diaconal, terminei a experiência junto aos verbitas: Padre Adriano Ocariza, Padre Leonardus, Padre Claudius e o seminarista Bernardo, na Paróquia de Santo Antonio, na cidade Cajati. Concluo dizendo que o desejo foi sendo semeado. A Amazônia e a Diocese de São Gabriel foram sugestões de Dom Manoel, quando disse a ele que gostaria de ir em uma missão, aceitei a sugestão na primeira hora.
O senhor conhece a realidade da Igreja na Amazônia? Quais suas expectativas?
Não conheço. A minha expectativa é de ser um padre como sou para o povo da Diocese de Registro e poder conhecer as realidades das terras da Diocese de São Gabriel. Levar um pouco do que sou e colher um pouco do que o povo é. Escutar. Olhar. Acolher.
 Como conheceu o projeto missionário da CNBB? Por que se interessou por ele?
O nosso bispo emérito, Dom José Luiz Bertanha, por um bom tempo, foi referencial das Missões no Regional Sul I e falava muito em nossas reuniões, porém, quem me colocou em contato com Dom Luiz Carlos Dias, secretário do Regional e o Padre Walter Merlugo Júnior, secretário executivo, foi Dom Manoel Ferreira dos Santos Júnior, atual bispo de Registro.
Qual será o seu trabalho como missionário na Diocese de São Gabriel da Cachoeira?
Eu confesso que ainda não sei. Mas estou pronto e aberto para aquilo que Dom Edson Damian, Bispo de São Gabriel da Cachoeira e a equipe missionária, que já está por lá, precisarem. Já trabalhei como garçom, servente de pedreiro e ajudava meu pai, na pescaria, puxando o calão da rede. Quero, como missionário, servir as mesas para que o povo esteja bem alimentado “da alegria do Evangelho”; quero manter a caixa abastecida de massa para que o tijolo da esperança e da fé sejam assentados e quero ajudar os missionários e missionárias, lá presentes, a puxar o calão da rede para aliviar o peso. É isso que quero fazer.
O Sínodo da Amazônia abriu novos caminhos para a evangelização. Que lições podemos tirar do Sínodo?
Podemos aprender que a Igreja sempre renova aquilo que é a sua paixão: “Evangelizar com renovado ardor missionário”. Ir ao encontro e preencher os espaços, proporcionar para que todos conheçam a pessoa de Jesus e com Ele façam uma experiência do Pai Misericordioso.
Acompanhamos a triste realidade do Estado do Amazonas que vive a pior fase da pandemia do COVID-19. Diante disso, como um missionário poderá colaborar nessa situação?
É a pergunta que tenho me feito, mas penso que é a hora do missionário, com todos os cuidados e proteção, mostrar o rosto, ser um sinal no meio do povo e com todo o seu ser dizer que Deus não nos abandona. Na Paróquia Nossa Senhora do Rocio, por exemplo, eu sempre fui para celebrar as Exéquias, quando era solicitado, mesmo quando a causa era Covid-19. Com todos os cuidados, mas nunca deixei, qualquer família, pensar que a Igreja lhe havia abandonado nessa hora dura da vida. Usar mecanismos para dizer: estamos juntos.
Que mensagem o senhor deixaria aos leitores que trazem no coração o desejo de ser missionários em terras distantes?       
Não tenha medo! É hora de o cristão assumir o que de fato é: “Sal da terra e Luz do Mundo” (Mt. cf. 5,13-16). Mas só vale se for com alegria! Já tem muita amargura.