Iniciamos novo ano, com a graça de Deus; ano em que começaremos a preparar o processo da 14ª Assembleia Arquidiocesana de Pastoral; por isso, chamo a atenção, neste mês, para a Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, do Papa Francisco, que deve orientar o nosso caminho eclesial neste tempo. O Papa inicia este documento, dizendo: “A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus”.
A Exortação Apostólica Evangelii Gaudium – A Alegria do Evangelho – compõe-se de uma introdução e cinco capítulos, concluindo-se com uma oração a Maria, a Mãe da evangelização.
O capitulo I enfoca a transformação missionária da Igreja. Uma Igreja “em saída”; isso exige uma pastoral em conversão. O Concilio Vaticano II apresentou a conversão eclesial como a abertura a uma reforma permanente de si mesma por fidelidade a Jesus Cristo. Diz o Papa: “A reforma das estruturas, que a conversão pastoral exige, só se pode entender neste sentido: fazer com que todas elas se tornem mais missionárias, que a pastoral ordinária em todas as suas instâncias seja mais comunicativa e aberta, que coloque os agentes pastorais em atitude constante de ‘saída’ e, assim, favoreça a resposta positiva de todos aqueles a quem Jesus oferece a sua amizade” (EG, 27).
O capítulo II intitula-se: na crise do compromisso comunitário; onde o Papa recorda um pouco o contexto em que temos de viver e agir, na linha de um discernimento evangélico. O Pontífice recorda alguns desafios do mundo atual e mostra que é preciso dizer: não a uma economia da exclusão, não à nova idolatria do dinheiro, não a um dinheiro que governa ao invés de servir, não à desigualdade social que gera violência. Lembra também alguns desafios culturais. Chama a atenção para “algumas tentações que afetam, particularmente nos nossos dias, os agentes pastorais” (EG, 77). “Uma das tentações mais sérias que sufoca o fervor e a ousadia é a sensação de derrota que nos transforma em pessimistas lamurientos e desencantados com cara azeda” (EG, 85).
No capítulo III, o anúncio do Evangelho, o Papa recorda que “não pode haver verdadeira evangelização sem o anúncio explícito de Jesus como Senhor e sem existir uma primazia do anúncio de Jesus Cristo em qualquer trabalho de evangelização” (EG,110). Ao longo de diversos parágrafos, o Santo Padre procura demonstrar que todo o povo de Deus anuncia o Evangelho. “Em virtude do Batismo recebido, cada membro do povo de Deus tornou-se discípulo missionário (cf. Mt 28, 19). Cada um dos batizados, independentemente da própria função na Igreja e do grau de instrução da sua fé, é um sujeito ativo de evangelização, e seria inapropriado pensar num esquema de evangelização realizado por agentes qualificados enquanto o resto do povo fiel seria apenas receptor das suas ações. A nova evangelização deve implicar um novo protagonismo de cada um dos batizados” (EG, 120). Ainda neste capítulo ele dedica 25 parágrafos sobre a homilia e preparação da pregação e o conclui falando de uma evangelização para o aprofundamento do querigma.
No capítulo IV, a dimensão social da evangelização, ele apresenta as repercussões comunitárias e sociais do querigma; chama a atenção para a inclusão social dos pobres: “Cada cristão e cada comunidade são chamados a ser instrumentos de Deus ao serviço da libertação e promoção dos pobres, para que possam integrar-se plenamente na sociedade; isto supõe estar docilmente atentos, para ouvir o clamor do pobre e socorrê-lo” (EG, 187). Dedica, ainda, 21 parágrafos sobre o bem comum e a paz social e alerta: “uma paz que não surja como fruto do desenvolvimento integral de todos, não terá futuro e será sempre semente de novos conflitos e variadas formas de violência” (EG, 219). Ele termina este capítulo tratando do diálogo social como contribuição para a paz e afirma: “a Igreja proclama o ‘evangelho da paz’ (Ef 6, 15) e está aberta à colaboração com todas as autoridades nacionais e internacionais para cuidar deste bem universal tão grande” (EG, 239).
Evangelizadores com espírito é o conteúdo do capítulo V. Diz o Papa: “Evangelizadores com espírito quer dizer evangelizadores que se abrem sem medo à ação do Espírito Santo” (EG, 259). Neste capítulo, ele propõe algumas reflexões a respeito do espírito da nova evangelização. Apresenta as motivações para um renovado impulso missionário, destacando o encontro pessoal com o amor de Jesus que nos salva. Por fim, destaca Maria, a Mãe da evangelização. “Ela é a Mãe da Igreja evangelizadora e, sem Ela, não podemos compreender cabalmente o espírito da nova evangelização” (EG, 284).
Desejo que esta pequena apresentação da Exortação Apostólica Evangelii Gaudium desperte em todos os agentes pastorais a vontade de tomá-la nas mãos, lê-la, deixando-se interpelar por ela para o bem de nossa Igreja Particular. Aproveito ainda a oportunidade para apresentar a todos os fieis de nossa Arquidiocese os votos de um 2014 repleto das bênçãos de Deus.
Por Dom Moacir Silva, Arcebispo Metropolitano de Ribeirão Preto
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